quarta-feira, 27 de maio de 2015

Love me or hate me we will be boys standing at that altar

Você tá ali, de cara pra coisa. Você tá ali, olhando o tempo inteiro, mas não vê de verdade, até que resolver dar dois passos pra trás e enxerga perfeitamente.

A ideia inicial era fazer um cruzeiro. Minha madrinha sempre fala tanto que todo mundo tem que fazer um cruzeiro que a gente se empolgou e quis fazer, mas não tinha nenhum cruzeiro legal, com um tempo bom de duração e um destino legal que pudéssemos pagar. Nosso aniversário de namoro cai no carnaval. Que merda... Pra onde vamos? Vamos pro Beto Carrero, why not? Só porque eu sou frouxa? Só porque eu não vou nem em roda gigante? Vamos sim!
Olha só esse preço da passagem de avião...muito cara. Como vamos fazer agora? Esse dinheiro paga de combustível e a gente vai e volta de carro. Então a gente vai de carro! Meu Deus, a gente é doido, são mais de 2000km! São 24 horas dirigindo só pra ir, vamos precisar parar. Então paramos em Curitiba e passeamos por lá. Então paramos em Campos do Jordão primeiro. Então vamos em Balneário e Floripa também.

Uma semana antes fomos pra arraial e esquecemos o pen drive na casa que alugamos, não tínhamos música nenhuma pra ouvir no carro e eu sou movida a música, nós tínhamos que procurar as rádios da região.

Essa música tocava o tempo inteiro. O tempo inteiro mesmo. Nós apelidamos de "música preferida do Sul", porque só tocava ela.

Na época da viagem, a gente teve umas brigas, uns desentendimentos bobos, talvez por isso eu só olhasse, mas não visse o quão grande era aquilo que estávamos vivendo. Pegar um carro e sair 6 horas da manhã pra viajar por 15 dias e andar isso tudo pra comemorar nosso 1 ano juntos. Pegar todo o meu dinheiro guardado pra viajar de mochileira pela América do Sul em hospedagem pros 15 dias, sem pestanejar. Ficar feliz quando encontrava uma pista com velocidade máxima de 120km/h, ficar apreensivo com a chuva forte em São Paulo, não ter um banheiro por HORAS na estrada em obra e entrar correndo em um restaurante esquisito, ser picada por um bicho em Curitiba e ficar 2 dias com o braço inchado, ficar entre a polícia e os bandidos achando que tinham assaltado o Henrique em Curitiba, resolver voltar em Campos do Jordão pra encontrar nossos padrinhos, ficar super corajosa no Beto Carrero e ter que arrastar o Henrique que ficou com medo da montanha russa ou descer a melhor tirolesa de todas.

Talvez na hora eu não tenha percebido o quanto aqueles dias fortaleceram a gente ou nos renovaram, mas toda vez que eu escuto essa música agora, eu lembro de um pedaço desses e fico feliz de lembrar que foram os meus dias mais felizes, então eu dou dois passos pra trás e admiro de novo, pra poder guardar bem aquilo tudo onde fotos não podem ir.