sábado, 8 de abril de 2017

Terapia

Um dia eu vou fazer um blog que não fale de depressão, mas esse dia não é hoje.

Recentemente eu voltei a fazer terapia, por vários motivos. O problema é que no meu caso, os problemas ficam ali guardados comigo, eu acho muito difícil dividir, acho que preciso encontrar um "lugar seguro" para que isso seja feito. Então como é que eu vou colocar isso pra fora pra que possa visualizar e entender o que quer de mim? Vou voltar pra terapia.
Até então na minha vida, terapia estava entre as coisas que eu mais amava fazer. Era onde eu finalmente tinha aprendido a tratar os meus demônios e viver melhor. Eu recomendo a todos, pra na menor das hipóteses desenvolver o auto conhecimento. Então o que acontece? Eu perto de casa, só consigo consulta com uma psicóloga terrível pra mim. Formada em faculdade prestigiosa, mas que só faz com que minha carga pareça ainda maior. Parece que não me enxergar de verdade, então eu fico sendo abordada de formas erradas o tempo todo e só penso em desistir e nesse caso tudo bem desistir. É muito cansativo começar de novo, mas em momentos difíceis é importante resistir e tentar novamente. O bom é que eu já sei que pode ser maravilhoso e não é só isso que podem me oferecer.
Hoje eu entendo o pessoal que não gosta de terapia, as vezes não tiveram uma pessoa que realmente os enxergou, mas não desiste agora não, tá? Você já chegou até aqui, continua procurando como eu, uma pessoa que vai aliviar esse fardo.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Na casa onde eu cresci, a casa dos meus pais, sempre tinha muita gente. A casa deve ter uns 60m² e morava eu, meu pai, minha mãe, meu avô e meus dois irmãos e só tinham dois quartos. Em até aproximadamente 8 anos eu dormia em um quarto com meus pais e no outro dormia o meu avô com o meu irmão mais velho, já que um havia se mudado quando eu tinha uns 5 anos. Quando eu estava nessa faixa o meu avô começou a apresentar os sinais do Alzheimer e por isso foi viver no sítio do meu pai e meu irmão mais velho vez um kitnet pra ele no quintal.
Eu sonhava com um quarto. Um quarto rosa onde eu ia poder pendurar meus posters de Sandy & Jr. Minha mãe, essa pessoa que faz de tudo pra realizar meus sonhos e desejos reformou todo o quarto pra mim. Resolveu infiltrações, tirou adesivos dos meus irmãos da janela, pintou, mudou os móveis, fez uns anjinhos de gesso com uma faixa que carregavam o meu primeiro nome. Eu tinha uma estante com ursinhos, a gente foi no centro pra poder comprar a colcha mais bonita pra minha cama nova. Isso tudo com o pouco que a gente vivia. Com o trabalho suado de segunda a segunda da minha mãe e a aposentadoria de salário mínimo do meu avô que metade passou a ser com remédio pra Alzheimer. Minha mãe me deu tudo. Ela não deixou eu entrar no quarto até ficar pronto, lembro como se fosse hoje da emoção quando ela tampou os meus olhos e me levou na porta e me mostrou tudo pronto. Era lindo, o quarto mais lindo que eu já tinha visto. Eu fiquei muito feliz e talvez eu nunca tenha agradecido a minha mãe como deveria. Minha mãe foi umas 500 pessoas pra nunca deixar me faltar nada e ela me conhece mais do que qualquer um nesse mundo.
Hoje um tio meu postou foto no facebook do quarto que terminou de fazer pra filha dele. Meu tio mora na beira da linha do trem, quando eu era criança algumas paredes eram improvisadas, mas meu tio sempre trabalhou com muito afinco e aos pouquinhos vai fazendo o seu cantinho cada vez melhor. Agora foi a vez do quarto da Fernanda, sua tão planejada filha, todo rosa com tudo que ela sonhou. Ele sonha muito mais, diz que ainda não está pronto, mas o sentimento da Fernanda eu conheço bem, é o de que nós temos os melhores pais do mundo.