sexta-feira, 10 de julho de 2015

Tão comum

Once upon a time, a few mistakes ago, eu tinha um bom emprego. Com 19 anos eu tinha um salário bom, muitas facilidades e trabalhava em um dos lugares em que muita gente se esforça muito pra trabalhar. Eu gostava muito das pessoas com quem eu trabalhava diretamente, mas já o meu chefe, nós sempre tínhamos problemas. Acho que parte do erro foi a minha criação. Meu pai não me criou pra ter um chefe. Aqui em casa sempre que eu discordava de algo tinha o direito de questionar, o "porque sim" não era frequente como em muitas outras casas. Se levantassem a voz pra mim, eu tinha o direito de levantar também e nunca fui reprimida, algumas pessoas podem achar que isso é ser mimada, mas meu pai sempre deixou claro que ele não estudou, mas fazia o possível pra que eu estudasse e nunca precisasse ter que abaixar a cabeça tendo razão na vida.
Acontece que isso me deixou assim, muita gente que eu conheço diz que eu sou desse jeito que não pode ser mandada. Não que eu seja intransigente, sei ouvir como ninguém, mas engolir sapo é uma coisa que eu não costumo fazer. Se quiser me fazer engolir um, te faço engolir dois. Meu pai criou um monstro me criou pra ser braba também.
Então que eu tinha esse emprego bom, mas eu não gostava do meu chefe e cada dia lá era mais massante que o outro, eu não queria me formar com dívida, usava o salário pra pagar minha faculdade que custava uma boa porcentagem dele, mas eu já estava ficando fisicamente doente. Toda semana eu ia parar no médico com doenças referentes ao estresse e mais uma vez o meu pai chegou pra mim e disse que era pra chutar o pau da barraca que se eu consegui esse, conseguia outro. E se não quisesse outro, ele estaria lá. E o que eu fiz? Chutei o pau da barraca. Minha vida é cheia de paus da barraca chutados por aí.

"Se você me perguntar o que é que eu tô fazendo, eu digo que não sei.
Se você me perguntar o que eu quero do futuro, eu digo que não sei."

Larguei meu emprego foda, mas enfim vou viver do que eu amo, a nutrição. Quando eu fiz isso todo mundo me chamou de louca e tudo que eu sabia era ouvir essa música. 

"Se a consciência me chamar, disser que eu não posso
Eu digo que não sei
Assumo os meus desejos, tento saciar a sede daquilo que nem sei"

Eu não sabia na época, mas aquela foi a decisão que mudou toda a minha vida e pra melhor. Eu pude viver coisas boas e conhecer lados que eu não conseguiria se deixasse pra depois. Sofri com falta de dinheiro (porque você sai do MP, mas o MP não sai de você), sofri pra fazer o financiamento da faculdade e me formo com 50 mil de dívida, mas cheguei onde queria chegar. Cheguei.

"Tão comum, se arriscar sem saber 100% se é bom
Tão comum, sonhar mais alto do que se pode crer
Tão comum, errar ao conjugar o verbo 'querer'
Tão comum, errar, errar, errar de novo."

Agora eu me deparo com uma dessas situações onde eu tenho que escolher de novo entre ser uma pessoa normal pensando no salário no bolso ou seguir os meus sonhos, sem nenhuma certeza, sem saber se é o certo ou se ou vou quebrar a cara. Mas aí me vem aquela citação na cabeça:

"Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? Eu adoro voar."

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